A qualidade pedagógica e a participação social das crianças em idade pré-escolar são fundamentais para o seu desenvolvimento, aprendizagem e autonomia [1, 2, 3]. Mas será suficiente, para as crianças, frequentarem o jardim de infância de forma assídua? Nesta mensagem, propomos-lhe uma reflexão sobre estes temas, com base em dados recentes da investigação1.
Que pistas nos fornece a investigação?
Ao nível da qualidade, considerando especificamente as interações educador-criança, nas suas dimensões de suporte emocional, organização da sala e suporte instrucional [4], os resultados sugerem, para a generalidade das salas observadas, a existência de áreas fortes e de áreas a melhorar:
Quanto à participação social, perspectivada a nível individual (e.g., competências sociais, problemas de comportamento), diádico (e.g., amizades) e grupal (e.g., aceitação social) [2], os resultados sugerem [5]:
3 propostas de reflexão: Que direcções futuras?
Com base nos resultados obtidos, deixamos algumas propostas de reflexão:
- Apesar de os resultados sugerirem efeitos da qualidade, esta nem sempre estava associada, de forma consistente, às experiências sociais das crianças. Na sua sala, considera possível introduzir melhorias ao nível da qualidade das interacções? Que melhorias poderiam, na sua opinião, beneficiar a participação social das crianças?
- A assiduidade importa, e parece influenciar a relação entre as competências das crianças e a sua aceitação pelos pares. No entanto, para as crianças menos competentes, ou com mais problemas de comportamento, faltar pouco parece estar associado a menor aceitação social. Estar presente, ser assíduo, poderá não ser suficiente para promover a participação social de algumas crianças, nomeadamente para as que têm mais dificuldades. Enquanto profissionais, que apoio individualizado, ou que estratégias poderemos utilizar, para apoiar estas crianças?
- De que suporte precisarão os profissionais, para poderem apoiar o desenvolvimento e a manutenção das relações de amizade, e a participação social de crianças com mais dificuldades, promovendo, de forma intencional, a sua inclusão social?
As suas experiencias e perspectivas são fundamentais para melhor compreendermos e utilizarmos estes dados. Partilhe connosco!
1O projeto de investigação Pro.Pares (PTDC/CPE-CED/117476/2010) decorreu entre 2012 e 2015 e envolveu a recolha de dados em 87 salas de jardim de infância da região da grande Lisboa, junto dos/as respetivos/as educadores/as, de 352 crianças com desenvolvimento típico, e 86 crianças com incapacidades.
Mensagem escrita em conjunto com Margarida Fialho
Referências
[1] Moser, T., Leseman, P., Melhuish, E., Broekhuizen, M., & Slot, P. (2017). European framework of quality and wellbeing indicators. Report D6.3, CARE: Curriculum quality analysis and impact review of European early childhood education and care. Vestfold, NO: University College of Southwest Norway.
[2] Gifford-Smith, M. E., & Brownell, C. A. (2003). Childhood peer relationships: Social acceptance, friendships, and peer networks. Journal of School Psychology, 41(4), 235-284. https://doi.org/10.1016/S0022-4405(03)00048-7
[3] Lopes da Silva, I., Marques, L., Mata, L., & Rosa, M. (2016). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Lisboa: Ministério da Educação, Direção-Geral da Educação (DGE).
[4] Pianta, R. C., La Paro, K. M., & Hamre, B. K. (2008). Classroom Assessment Scoring System manual: Pre-K. Baltimore, MD: Brookes.
[5] Ferreira, M., Aguiar, C., Correia, N., Fialho, M., & Pimentel, J. S. (2019). Friendships and social acceptance of Portuguese children with disabilities: The role of classroom quality, individual skills, and dosage. Topics in Early Childhood Special Education, 39(3), 183-195. https://doi.org/10.1177/0271121419864419