“… A gestão do comportamento. Acho que é uma questão que é recorrente, cada vez mais, mas também temos de nos atualizar a esse nível em termos das práticas pedagógicas mais positivas para lidar com os comportamentos desafiantes que vamos tendo à frente”. “… Esta gestão de comportamento (…), esta questão de que eles têm de estar quietos e calados e o corresponder sempre aquilo que são as nossas expetativas nos diferentes tempos”. Estas foram afirmações de um grupo de educadoras de infância, quando questionadas, no início deste projeto, sobre as suas necessidades de informação. Temas como a gestão de comportamentos, tempo e atenção das crianças, na sala de jardim de infância, assumiram particular destaque. São estes os temas que lhe trazemos nesta mensagem.
Já anteriormente escrevemos sobre a qualidade dos contextos educativos, e sobre a sua importância para o desenvolvimento das crianças [1], salientando a existência de componentes de estrutura e de processo [2]. No que respeita à qualidade de processo, à luz do quadro de referência do Classroom Observation Scoring System [3], destacam-se três domínios essenciais: apoio emocional, organização da sala, e apoio a nível da instrução. Estes domínios, distintos mas complementares, são fundamentais desde o período pré-escolar até ao ensino secundário [3].
Nesta mensagem debruçamo-nos especificamente sobre a organização da sala (em mensagens futuras, abordaremos os domínios do apoio emocional e do apoio ao nível da instrução). Este domínio tem como base conceptual teorias que estabelecem associações entre competências de autorregulação e o ambiente da sala. Assim, partilhamos algumas dimensões e estratégias para que possamos refletir sobre a melhor forma de disponibilizar às crianças uma sala bem organizada e bem gerida, ajudando-as a regular o seu próprio comportamento, a tirar o melhor proveito de cada dia no jardim de infância, e a manter o seu envolvimento e interesse nas diversas atividades de aprendizagem.
COMPORTAMENTO. Transmissão de expectativas claras de comportamento e uso de formas eficazes para prevenir e redireccionar comportamentos indesejados
- Transmitimos expectativas e regras claras? Reforçamo-las de forma consistente?
- Somos proativos na antecipação de problemas e dificuldades sentidas pelas crianças?
- Estamos atentos a comportamentos positivos e reforçamo-los? Tentamos redireccionar comportamentos indesejados usando, por exemplo, pistas subtis?
TEMPO. Gestão do tempo das actividades e rotinas, de modo a maximizar o envolvimento das crianças em oportunidades de aprendizagem
- Planeamos e disponibilizamos actividades, tentando maximizar o envolvimento e o tempo de aprendizagem das crianças? Damos-lhes possibilidades de escolha, depois de finalizarem uma actividade, minimizando interrupções?
- As rotinas estão estabelecidas e são claras para as crianças? As crianças sabem o que é esperado, e conseguem seguir as rotinas, ao longo do dia?
- As transições entre as actividades são breves e eficientes, existindo poucos momentos disruptivos ou de ‘vagueio’, ao longo do dia?
- Os materiais e as actividades estão preparados e disponíveis para as crianças?
ATENÇÃO. Maximização do interesse, envolvimento e capacidade de aprendizagem das crianças, a partir de actividades orientadas e livres
- Estamos envolvidos e promovemos o envolvimento das crianças nas actividades? Questionamo-las de forma eficaz, tentando expandir o seu envolvimento?
- Apresentamos uma variedade de materiais e de modalidades auditivas, visuais e de movimento? Somos consistentes nesta variedade? Os materiais são suficientemente criativos e interessantes para as crianças, permitindo-lhes estar atentas e participar activamente?
- Apresentamos os objetivos das actividades, ou de aprendizagem, às crianças, de forma clara e consistente? Dizemos-lhes o que pretendemos e esperamos com determinada actividade?
Quais são, na sua perspetiva, e de acordo com a sua experiência, estratégias eficazes para gerir comportamentos, tempo e atenção das crianças, na sala de jardim de infância? Aguardamos as suas partilhas!
Referências
[1] Weiland, C., Ulvestad, K., Sachs, J., & Yoshikawa, H. (2013). Associations between classroom quality and children’s vocabulary and executive function skills in an urban public prekindergarten program. Early Childhood Research Quarterly, 28(2), 199-209. doi:10.1016/j.ecresq.2012.12.002
[2] Hamre, B. K., & Pianta, R. C. (2007). Learning opportunities in preschool and early elementary classrooms. In R. C. Pianta, M. J. Cox, & K. L. Snow (Eds.), School readiness and the transition to kindergarten in the era of accountability (pp. 49–83). Baltimore, MD: Brookes.
[3] Pianta, R. C., La Paro, K. M., & Hamre, B. K. (2008). Classroom Assessment Scoring System Manual: Pre-K. Baltimore, MD: Brookes.
Link útil: www.teachstone.com
Uma estratégia:
– Estar focado no grupo de crianças (envolver-se), fazendo COM (e não PARA) as crianças.