Para muitos profissionais de educação, o estabelecimento de uma parceria com a família é um desafio, especialmente nestes tempos de pandemia em que a interação com as famílias está limitada. Contudo, o estabelecimento de uma parceria promove: i) a participação positiva e o da família; ii) a qualidade das práticas educativas e o nível de satisfação dos profissionais de educação, e iii) a afiliação da criança à creche/jardim de infância [1; 2]. Ver mais informação no post “queridos mudei a minha relação com a família”.
Após uma revisão de literatura, encontrei um artigo que sintetiza, numa tabela elucidativa, cinco aspetos importantes no estabelecimento de uma parceria eficaz com a família [1]. Estas dimensões estão presentes noutras investigações [2], mas este artigo apresenta uma síntese compreensiva com base na perspetiva das famílias e dos/as profissionais. Sobretudo, esta proposta convoca-nos a manter um contacto frequente, próximo e respeitador (e.g., através de meios online, quadros informativos e exposição dos trabalhos na zona de receção das crianças, mensagens).
Partilho com os/as leitor/as do blogue esta síntese, num quadro com as dimensões e indicadores descritos no estudo e acrescento algumas sugestões na terceira coluna.
5 aspetos mais importantes no estabelecimento de uma parceria eficaz com a família
Dimensões | Indicadores | Algumas sugestões |
Comunicação – os membros de uma parceria devem partilhar e usar uma comunicação positiva, construtiva e respeitosa entre todos/as. Para ser eficaz a comunicação deve ser frequente, horizontal e acessível. | Frequente Útil e relevante (partilha de recursos) Clara Honesta Positiva Cuidadosa e atenciosa Aberta Atenta e baseada na escuta ativa | Centrar a comunicação nas necessidades do/a outro/a Basear a comunicação na escuta ativa Planear e refletir sobre a forma, meios e qualidade da comunicação |
Compromisso – os membros de uma parceria devem sentir-se confiantes quanto ao empenhamento e à lealdade de todos/as; e devem rever-se nos objetivos (sempre estabelecidos em conjunto) | Comprometa-se Seja flexível Pense em cada criança e família como única (e não como mais uma) Encoraje Seja acessível Seja consistente (coerente) Seja sensível às emoções expressas pelos/as outros/as | Mantenha as promessas realizadas Esteja lá quando os/as outros/as precisam (não é preciso estar sempre, é estar nos momentos difíceis) “Esteja disponível para ir para além de um papel estritamente profissional e formatado” (baseado nos princípios Touchpoints) |
Valorização – os membros de uma parceria devem sentir-se competentes. | Valorize ativamente Espere o melhor de todos/as Atenda às necessidades particulares de cada membro da parceria Promova a igualdade | Conheça bem os/as seus/suas parceiros/as (descreva forças, interesses, …) – criança, família e colegas. Use o elogio honesto, construtivo e focado nas forças |
Confiança – todos/as devem partilhar um sentimento de segurança mútua e confiança no caráter, competência, resistência e honestidade dos outros membros da parceria | Seja confiável Demonstre competência no trabalho com a criança Seja discreto/a | Tenha palavra (cumpra o prometido Seja coerente entre a palavra e ação Justifique e explique possíveis mal-entendidos |
Respeito – Todos/as devem demonstrar estima e respeito pelas ações e comunicação dos/as outros/as | Valorize a criança Não julgue Seja cortês Não discrimine Evite ser intrusivo/a | Pergunte-se: Porque é que havia de ser melhor do que ele/ela? |
Espero que nos possa fazer pensar e discutir sobre estes aspetos. Fico a aguardar as vossas reflexões.
Referências
[1] Blue-Banning, M., Summers, J. A., Frankland, H. C., Nelson, L. L., & Beegle, G. (2004). Dimensions of family and professional partnerships: Constructive guidelines for collaboration. Exceptional children, 70(2), 167-184. doi:10.1177/001440290407000203
[2] Pianta, R. C., Kraft-Sayre, M., Rimm-Kaufman, S., Gercke, N., & Higgins, T. (2001). Collaboration in building partnerships between families and schools: The National Center for Early Development and Learning’s Kindergarten Transition Intervention. Early Childhood Research Quarterly, 16, 117–132. doi:10.1016/s0885-2006(01)00089-8.